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O ato de cozinhar é, para além de uma necessidade, uma verdadeira forma de demonstração de afeto para com familiares e amigos. Há algo de emocional na nossa relação com a comida, e certos pratos e aromas têm o poder de nos transportar para memórias distantes criadas nas cozinhas dos nossos avós.

Ao longo da história da humanidade, a cozinha foi evoluindo de acordo com as necessidades e possibilidades resultantes da evolução económica e tecnológica de cada era, mas também com a forma de estar e hábitos de cada comunidade.

É no Antigo Egipto que existe o primeiro registo de um espaço doméstico dedicado à preparação de alimentos, sendo este espaço de extrema relevância para a cultura egípcia. Já a civilização Romana utilizava cozinhas coletivas que estavam localizadas no centro das cidades.

O “esboço “da cozinha moderna surge no séc. XX quando em 1922 nos Estados Unidos, Christine Fredericks Mary Pattison realiza um estudo de circulação na cozinha com foco na movimentação a partir da disposição dos móveis, destacando a importância do layout do espaço, considerando o mesmo fundamental para otimização do tempo e eficácia da realização das tarefas.

E em 1926 o arquiteto Alemão Ernst May decide projetar as cozinhas das suas novas moradias de acordo com base neste e outros estudos funcionais e de eficiência realizados na altura. Ernst encarrega Margarete Schütte-Lihotzky, a primeira mulher a formar-se em arquitetura na Áustria, de projetar uma cozinha de acordo com os princípios de eficiência e economia, ajustados a uma habitação de classe média, e surge assim a “Cozinha de Frankfurt” baseada num estudo detalhado efetuado por Margarete, de todos os movimentos necessários para realizar as tarefas domésticas.

E hoje em dia? Como devemos então pensar num espaço tão importante na dinâmica familiar e com uma função tão importante, que muitas vezes se cruza com outras necessidades ligadas à domesticidade?

Conversámos com o nosso diretor criativo, o Arq. Tiago Patrício Rodrigues para saber como se desenvolve um projeto de interiores de uma cozinha contemporânea e quais os fatores mais importantes a ter em conta na idealização do espaço.

Qual é o ponto de partida para o desenvolvimento de um projeto de uma cozinha?

Primeiramente é necessário é perceber como é que o nosso cliente vive a cozinha, como a habita o espaço e quais os seus objectivos. A partir daqui o ponto de partida é sempre o binómio funcionalidade/espaço, ou seja, maximizar a funcionalidade e as funções adjacentes aos usos, tendo por base as características espacias. Não é só o espaço métrico que importa, há também o espaço arquitectónico e emocional, que são, no fundo, os responsáveis pelas características visuais da cozinha.

No que diz respeito à funcionalidade que elementos devemos ter em conta?

Para mim, a simplicidade do uso. A funcionalidade deve ser intuitiva, e não uma panóplia de "gadgets" nem sempre prática e acessível.

Os elementos decorativos podem adicionar caráter e refletir a personalidade da família que habita o espaço?

Sim, esses são fundamentais, até porque as cozinhas podem integrar em si, diversas funções, mais ou menos importantes, consoante cada utilizador. E isso, deve ser refletido no projecto. Mas, por outro lado, também não poderemos esquecer o entorno arquitectónico e espacial, que deverão ser determinantes, quer na escolha de materiais, quer na estética, por exemplo.

Quais as soluções que encontras para maximizar um espaço pequeno?

A maximização do espaço não passa, ao contrário do que pode parecer obvio, pela quantidade de espaço de arrumação. Passa sobretudo, por como as tarefas estão organizadas, isto é: a organização do espaço deverá corresponder à criação de uma cadeira de tarefas, como se de uma linha de montagem fabril, isso sim tal como no estudo acima citado, maximizar o espaço